Publicado em 02/05, às 13h11
por Redação
O crescente número de casos de dengue e doenças respiratórias está causando uma crise nas unidades de pronto atendimento (UPAs) da zona norte de São Paulo, especialmente nas UPAs de Pirituba, Perus e City Jaraguá.
Sara Vitória, 12 anos, e sua mãe, Juliana Gonçalves, aguardavam na UPA de Pirituba desde às 11h da manhã até cerca das 20h para receberem o resultado de um exame de sangue para dengue. Juliana havia levado Sara à UPA duas semanas antes com um diagnóstico de pneumonia, mas os sintomas persistiram, incluindo febre alta, diarreia, vômito, dor de cabeça e calafrios. O diagnóstico entre infecção respiratória e dengue é comum nas unidades de pronto atendimento da zona norte de São Paulo. Na UPA de Pirituba, há uma recepção reservada para os sintomas gripais à direita e outra para as demais reclamações à esquerda.
Em 2024, o Brasil registrou um recorde histórico de mais de 4,1 milhões de casos prováveis de dengue e 2.073 óbitos, segundo dados do Ministério da Saúde. Além disso, houve um aumento nas internações por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) devido a vírus como VSR e influenza A.
Na UPA Jaraguá, Carine Laura, 36 anos, considerou-se sortuda por sua filha de 6 anos ter esperado apenas quatro horas para ser atendida. A menina, tossindo, fez testes para gripe, Covid e dengue. Carine elogiou a equipe de enfermagem, embora tenha enfrentado um problema na troca de plantão, com a médica anterior precisando continuar devido à ausência da nova médica.
No mesmo local, Anderson Ferreira, 46 anos, acompanhava sua esposa Silvia Regina, 43 anos, que apresentava sintomas gripais, dor no corpo e dor de cabeça. Eles chegaram à UPA às 14h e Silvia passou por testes de Covid e dengue, além de um raio-X do pulmão. Apesar da demora, Anderson considerou esse o pronto atendimento mais rápido disponível.
A cerca de sete quilômetros dali, na UPA de Perus, a espera era um pouco menor, com previsão de atendimento em duas a três horas. Ailson Miller, 49 anos, esperava há 1h30 para ser atendido, relatando sintomas de gripe e suspeita de dengue desde o sábado, mas estava receoso de enfrentar longas esperas.
Tanto na UPA de Perus quanto na de Pirituba, as tendas para atendimento específico à dengue encerravam suas atividades às 19 horas, contribuindo para a sobrecarga e tempo de espera nas unidades.
A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informou que as UPAs estão priorizando casos graves seguindo o protocolo de classificação de risco Manchester. No entanto, a demanda intensa por serviços médicos emergenciais tem sobrecarregado o sistema de saúde, comprometendo a qualidade e agilidade no atendimento aos pacientes.
“Importante destacar que as unidades fazem o atendimento a dois grupos distintos: o primeiro, onde é feito o diagnóstico da dengue e iniciado tratamento; e o grupo de pacientes que estão sob monitoramento do quadro clínico, conforme diretrizes do Ministério da Saúde (MS) que determinam o retorno regular de pacientes do grupo de maior risco como os com comorbidades, idosos e gestantes”, afirma a nota.
A SMS diz ainda que as UPAs citadas na reportagem estão funcionando com o quadro de profissionais completo, e que na segunda-feira (29), com início do novo plantão das 19h, as equipes das UPAs Pirituba e Perus – que contam com tenda – avaliaram que havia capacidade para continuarem os atendimentos dentro dos equipamentos. No período noturno, as tendas são acionadas sempre que necessário.
A média de atendimento diário neste mês de abril foi de 780 na UPA Pirituba, 764 na UPA Perus e 670 na UPA City Jaraguá. Somente neste mês, foram realizados 3.004 testes de dengue na UPA Pirituba, 3.158 na UPA Perus e 1.938 na UPA City Jaraguá.
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