REGIONAL

Ministério suspende contratos para produção de 18 remédios e uma vacina

Associação de laboratórios diz que vai à Justiça; governo nega risco de desabastecimento

Publicado às 11h30

Folha de SP

O Ministério da Saúde suspendeu uma série de contratos que envolviam parcerias entre laboratórios públicos e privados para fabricação de 18 medicamentos e uma vacina de distribuição gratuita na rede pública.

Entre eles, estão remédios contra diabetes, câncer, insuficiência renal crônica, Parkinson e a imunização tetraviral, que previne contra sarampo, rubéola, caxumba e catapora.

A medida envolve sete laboratórios públicos, os quais haviam firmado contratos por meio das chamadas PDPs (parcerias de desenvolvimento produtivo), espécie de acordo que visa a transferência de tecnologia de um laboratório privado para um público. O objetivo é permitir a produção no país de produtos considerados estratégicos para o SUS.

Dos 19 contratos, 12 estavam nas fases iniciais, quando ainda há treinamento de equipes e elaboração de projetos, sem que haja o fornecimento do produto.

Outros sete estavam nas últimas duas etapas, quando há transferência de tecnologia para produção e compra dos produtos pelo Ministério da Saúde.

A decisão por suspender os contratos foi publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo e confirmada pela Folha.

Entre os laboratórios públicos que tiveram contratos suspensos estão Bahiafarma, Bio-manguinhos, Tecpar, Funed, Butantan e Furp. A medida também afeta dez fabricantes privados.

A reportagem teve acesso à íntegra de um ofício enviado à Bahiafarma que confirma a decisão. No documento, o ministério cita pareceres da consultoria jurídica que recomendam a suspensão das PDPs “até que seja melhor examinada a sua juridicidade”.

Em nota, o Ministério da Saúde disse que a suspensão ocorre de forma regular para que laboratórios públicos apresentem medidas “para reestruturar o cronograma de ações e atividades”.

A pasta atribui a suspensão a recomendações de órgãos de controle como o Tribunal de Contas da União e Controladoria Geral da União, decisões judiciais, além falta de cumprimento dos cronogramas previstos e de investimentos na estrutura.

Laboratórios, porém, afirmam terem sido pegos de surpresa pela medida. Em nota, a Alfob, que reúne laboratórios públicos, afirma que pretende ir à Justiça para recorrer da suspensão. Alguns estados avaliam pedir ressarcimento junto ao governo federal pelos investimentos em infraestrutura, pessoal e pesquisa.

Para a associação, a suspensão unilateral “não apenas coloca em risco o abastecimento de medicamentos estratégicos para pelo menos 30 milhões de pacientes, mas também configura um ataque sem precedentes contra a soberania nacional na área da produção pública de medicamentos.”

“Foi uma canetada pura e simples”, afirma Ronaldo Dias, presidente do laboratório e representante da Alfob. “É uma arbitrariedade jurídica estrondosa.”

Para Dias, a medida pode gerar novo ciclo de desabastecimento.

“Não tem tempo hábil do ministério iniciar uma compra pública hoje e fornecer em setembro”, afirma ele, que prevê impacto também no preço a ser pago pelo SUS para compra dos remédios fora da parceria. “O impacto disso é prioritariamente o paciente. Você tira a garantia de abastecimento a um preço que o SUS possa pagar. Quando faz uma PDP, o preço baixa”, afirma.

“Um segundo impacto é a cadeia econômica. Quantas pessoas vão ser demitidas? É o desmonte do complexo industrial público do Brasil.”

Questionado, o ministério diz que vem realizando pregão para compra dos remédios que já estavam nas últimas etapas de PDPs para garantir o abastecimento.

Segundo a pasta, a suspensão do contrato com a Bahiafarma para produção de insulina ocorreu devido a atraso nas entregas do produto. O laboratório nega.

“Trata-se de uma medida regular e recomendada pelos órgãos de controle, além de estar prevista no marco regulatório das PDPs e realizada com normalidade. Toda e qualquer parceria que estiver em desacordo é suspensa para avaliação”, informa.

Segundo o ministério, desde 2015, 46 PDPs passaram por processos de suspensão. Atualmente, 87 delas estão vigentes.

Além da Bahiafarma, a Folha procurou outros três laboratórios públicos que tiveram contratos suspensos e que estavam nas fases mais avançadas de parcerias.

Em nota, o Tecpar disse estar em negociação com o Ministério da Saúde acerca da suspensão e que já enviou esclarecimentos à pasta sobre seus projetos.

O laboratório de Farmanguinhos, que é vinculado à Fiocruz, informou que a medida suspende a compra de três produtos que eram alvo das parcerias (caso do pramipexol, indicado para doença de Parkinson, da cabergolina, para controle hormonal e do sevelâmer, para doença renal crônica), mas que o processo de absorção tecnológica junto aos laboratórios privados está mantido.

​Já Bio-Manguinhos afirma que a suspensão dos seus contratos está ligada ao fato dos contratos serem anteriores à portaria de 2014 que regulamentou as PDPs. Diz ainda que negocia com o ministério a aquisição dos produtos para evitar desabastecimento.

Uma reunião entre parte dos laboratórios e ministério está prevista para esta quarta (17).

Folha Noroeste

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