Publicado em 06/03/2023 às 11h
por Redação/Secom
“Quando a boca cala, o corpo fala. E quando a boca fala, o corpo sara“. A frase, do psiquiatra e antropólogo Adalberto de Paula Barreto, resume o conceito por trás da Terapia Comunitária Integrativa, criada por ele. Disponível no SUS, a TCI tem ganhado espaço nas unidades de saúde da capital, a exemplo da UBS Elisa Maria II, localizada na região da Brasilândia, onde foi implantada no início deste ano. As rodas de conversa envolvendo os pacientes e pessoas da comunidade acontecem semanalmente, às quintas-feiras, na Fábrica de Cultura de Brasilândia, momentos esses em que compartilham problemas e desassossegos da alma como forma de acolhimento. Os encontros, além de fortalecerem os laços entre os participantes, são dinâmicas fundamentais para o processo terapêutico de cura.
A TCI da UBS Elisa Maria II conta com a mediação da agente de terapia comunitária Deusa Aparecida Ferreira Canzano, que passou pela formação depois de trabalhar por oito anos diretamente com a população, como agente comunitária de saúde (ACS). “Digo a partir da minha experiência que existe uma enorme potência nesse espaço coletivo de compartilhamento de experiências, medos e desassossegos, que se dá muitas vezes a partir da sua ressignificação; muitas vezes a pessoa chega cheia de dor, e a troca com os demais traz uma solução, uma outra perspectiva sobre a questão”, comenta Deusa.
Dinâmica valiosa
“Para além da TCI, sempre que percebemos casos mais agudos, que requerem um outro tipo de cuidado, fazemos o encaminhamento para atendimento individual na UBS”, pontua a psicóloga Luciana Aparecida Gomes, que acompanha as rodas de conversa no centro de cultura. Segundo ela, participar do grupo também é gratificante do ponto de vista profissional. “O exercício da escuta nestas dinâmicas é muito valioso, enriquece a prática terapêutica do nosso dia a dia, e potencializa os recursos existentes no território.” O grupo hoje é formado principalmente por mulheres, mas a expectativa, a partir do trabalho dos ACSs em campo e também dos relatos feitos pelos participantes, é que ele cresça rapidamente e incorpore outros perfis, como crianças, homens e adolescentes, como a experiência com outras rodas de conversa na cidade tem demonstrado.
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