Publicado em 25/10, às 8h50
Por Priscila Perez
Muitos usuários do sistema de transporte público da capital já notaram a ausência de algumas linhas de ônibus, que simplesmente desapareceram ou sofreram alterações bruscas em seu itinerário nos últimos meses. De janeiro a setembro deste ano, o fenômeno atingiu 39 linhas da cidade, com 392 alterações, e sete foram criadas nesse período.
Após a complicadíssima licitação do sistema, que se arrastava desde 2013, a gestão Bruno Covas (PSDB) finalmente assinou os 32 contratos previstos com as empresas de ônibus em 6 de setembro. Mas, de lá para cá, mudanças começaram a surgir em toda a cidade e, pelo jeito, não fazem parte do acordo. Quem garante é a SPTrans (São Paulo Transporte).
No ano passado, inclusive, o então secretário municipal dos Transportes Sérgio Avelleda chegou a afirmar que “as mudanças seriam lentas, graduais e com participação da população”. E tudo isso só ocorreria seis meses após a assinatura dos contratos – sem atropelar as três etapas previstas no plano de reorganização do sistema. Pelo acordo, serão até 48 meses de alterações e readequações.
Segundo a SMT, na primeira fase, com duração de 24 meses, haverá mudanças em 874 linhas (72,4% da rede). Depois, ocorrerão alterações mais amplas em grupos de trajetos – realizadas em até 36 meses. Já a última fase prevê alterações de maior abrangência territorial ligadas a obras estruturais. As linhas da madrugada, entretanto, permanecerão intactas.
Cortes chamam atenção
Apesar do planejamento, os recentes cortes chamaram a atenção do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor). Em agosto, por exemplo, as linhas 2025, 7600 e 314V já tinham sido substituídas. A 6262/21 Vl. Leopoldina – CPTM Leopoldina é outra que deixou de operar na capital ainda em outubro. “Os cortes atropelaram uma discussão que ainda deveria acontecer”, pontua Rafael Calabria, pesquisador em mobilidade urbana do instituto.
Sobre a questão, a SPTrans reafirma que as modificações no sistema em nada tem a ver com os contratos firmados. “A implantação deste novo sistema não começou.” Quanto à linha da Leopoldina, ela foi substituída devido à baixa demanda. A média de passageiros era de 20 pessoas por dia útil.
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