Publicado em 10/01, às 12h30
Por Priscila Perez
A cada 100 mil brasileiros, seis cometem suicídio. Na contramão do índice global, que registrou queda de 9,8%, o Brasil segue com números alarmantes. A taxa subiu 7% nos últimos anos, segundo o Ministério da Saúde.
Para entender esse fenômeno, sobretudo nas principais metrópoles do país, a Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESP) realizou um estudo na capital paulista, observando a incidência desses casos por subprefeitura. E a resposta tem tudo a ver com o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano): quanto maior o índice, mais frequente é a ocorrência de suicídios. O IDH leva em conta fatores como educação, renda e longevidade.
Na zona oeste, a Lapa tem o quarto melhor IDH da cidade e a quinta maior incidência de suicídios entre a população adulta, com 37 casos registrados entre 2006 e 2016. Pinheiros, por exemplo, tem a taxa mais alta da cidade (57 casos a cada 100 mil habitantes) e o IDH mais bem colocado entre todos os bairros.
“Na capital paulista, é nas regiões mais desenvolvidas que o suicídio ocorre mais na população em geral. É muito difícil falar nos motivos disso, mas não se pode deixar de pensar nas angústias típicas das classes médias como, por exemplo, manter seu padrão de vida frente às vicissitudes e incertezas dos tempos atuais”, esclarece o doutor em Ciências Sociais e psicanalista Rodrigo Estramanho de Almeida, professor e coordenador de pós-graduação na FESP.
A pesquisa levou em conta os dados mais recentes de IDH, reunidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e os resultados do levantamento realizado pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) sobre mortalidade por suicídios.
Já entre os jovens, a incidência é significativamente maior em bairros menos desenvolvidos, onde o IDH é menor. De acordo com o estudo, Guaianases e Parelheiros, nas zonas leste e sul da cidade, ocupam as duas últimas posições no ranking de IDH e registraram – nesse mesmo período – 96,7 e 83,1 casos, respectivamente. “No caso dos jovens foi justamente nas localidades onde estão mais desamparados – do ponto de vista da renda, saúde, escolaridade, lazer – que o suicídio ocorreu mais”, analisa o pesquisador.
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