REGIONAL

Quatro escolas públicas de SP têm nota acima da média de países desenvolvidos em exame internacional

Alunos de uma escola da periferia da capital mostraram desempenho em matemática melhor que alunos do Chile e dos Estados Unidos

Publicado às 9h45

G1 São Paulo

Quatro escolas públicas de São Paulo obtiveram notas melhores que as médias de países desenvolvidos no Pisa para escolas (Pisa for Schools, em inglês), exame da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que avalia a competência de estudantes de 15 anos em leitura, matemática e ciências em 70 países.

Foram avaliadas 46 escolas brasileiras, da quais 13 eram particulares e 33 da rede pública.

As Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) São Paulo, Guaracy Silveira e Jardim Ângela, na capital, e a Etec Profª Marinês Teodoro de Freitas Almeida, de Novo Horizonte, no interior, são as que tiveram o bom desempenho na prova.

O Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, na sigla em inglês) sempre mostrou que o Brasil tem deficiências na educação, mas a versão escolar do exame deu a chance de comparar os resultados daqui com a realidade de outras nações.

Nilma Fonta Nivi, coordenadora da Fundação Cesgranrio, responsável por distribuir o teste no Brasil, afirmou que, apesar dos problemas, a prova confirmou que temos ilhas de excelência na educação brasileira.

“As provas são as mesmas. Os alunos são avaliados em matemática em ciências da natureza e em leitura. São de questões respondidas pelo aluno, não são questões múltipla escolha”, disse.

O resultado foi recebido com orgulho na Etec Jardim Ângela, na Zona Sul de São Paulo, que está entre as quatro unidades de ensino com desempenho acima da média. Em 2017, 80 alunos passaram pelo teste quando entravam no primeiro ano do ensino médio, e a escola superou a nota de países ricos.

Em leitura, bateu a média de todos os países que participaram do exame. Em matemática, ficou acima dos Estados Unidos, do Chile, e, em ciências da natureza, foi melhor que a nota média da França. A estudante Letícia Maciel, de 17 anos, afirmou que o resultado é importante para mudar a forma como os jovens do bairro são vistos.

“Por ser escola de periferia, as pessoas não esperam tanto da gente, mas a gente mostrou que a gente é realmente capaz de tirar uma nota igual a de países de primeiro mundo”, disse Letícia.

O diretor da escola, Sérgio Araújo Filho, explica que neste ano foram 160 vagas para 1.300 candidatos. Conseguir uma vaga na escola é difícil, mas quem consegue entrar estuda com base em um currículo que integra matérias do ensino médio e técnico. No total, a unidade de ensino tem 480 alunos.

O objetivo dos professores, que trabalham na escola desde a sua criação, em 2010 é transformar a vida desses alunos. “Ele [estudante] entra aqui no primeiro ano de um jeito e quando se forma sai de outro. A transformação é o que nos importa”, afirmou o professor de física Marcelo Ramalho.

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