Publicado às 18h40
Por Cristina Braga
A perda de entes queridos é um dos momentos mais dolorosos para qualquer família. Durante o luto, é igualmente difícil tomar decisões, ainda mais em um curto espaço de tempo. Por outro lado, para quem está na fila de transplantes de órgãos, receber um telefonema avisando que há doador compatível pode salvar uma vida. Foi o que aconteceu com a moradora de Pirituba, Elaine Cristina Blanquez, de 52 anos. Ela recebeu um novo pâncreas há 14 anos. “Fui diabética por 22 anos. Não conseguia mais controlar a glicemia, tinha hipoglicemia e entrava em coma. Precisava de um transplante; era tudo ou nada.”
Em meio às reflexões de fim de ano, vale lembrar da importância da doação como ato de solidariedade.O Brasil tem mais de 33 mil pacientes à espera de um órgão, segundo dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) – de janeiro a setembro deste ano. Só em São Paulo, são 15.366 pessoas na fila. Para ser doador, não é necessário deixar documento por escrito. Basta a autorização dos familiares, após o diagnóstico de morte encefálica.
Desde 1997,a OPO (Organização de Procura de Órgãos e Tecidos)coordena a doação de órgãos em todo o país mobilizando médicos e enfermeiros nos chamados “centros de referência”, onde são monitoradas as UTIs de hospitais públicos e privados. “É sempre uma luta contra o relógio, uma logística complexa”, resume o coordenador da OPO do Hospital das Clínicas (HC),Leonardo Borges de Barros e Silva. Segundo ele, órgãos como coração e pulmão precisam ser implantados no receptor em até quatro horas.
Comunicação com os familiares
No Brasil, a recusa familiar gira em torno de 40%, ou seja, quando dez famílias são perguntadas se querem doar, quatro dizem “não”. O maior medo é de não haver comprovação total da morte encefálica. Mas isso não acontece. “São feitos muitos exames antes de ser constatada a morte”, alerta a transplantada Elaine Blanquez.
A doção em vida é um exemplo também de solidariedade. Moradora de Pirituba que sofria insuficiência renal crônica ,recebeu há 7 anos um rim doado pelo seu irmão mais velho. “Nem entrei na fila”, diz Catia de Andrade Pimenta, de 41 anos. Não fosse isso, não restaria outra alternativa para ela. Seus dois rins pararam de funcionar.
Segundo o médico, a OPO realiza um curso de “Comunicação de Más Notícias” porque julga “fundamental que os profissionais de saúde, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e psicólogos saibam se comunicar com as famílias”, vivenciando o luto. “Quanto melhor a gente se comunicar, possivelmente menor será a recusa familiar. Transplante de órgão é um‘sim’ para a vida”, finaliza. Assista a entrevista completa em nosso canal do YouTube.
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