Publicado em 06/12/2021 às 8h20
Via Agência Mural
Há cerca de dois anos, a auxiliar administrativa Thamires Araujo, 25, se mudou para o Parque Taipas, bairro que fica na zona noroeste, no distrito de Pirituba. Desde então, receber cartas, encomendas ou pedir refeições por delivery tornou-se uma tarefa quase impossível. Tudo isso porque o CEP da casa dela é o mesmo que o de uma avenida próxima. “Nos Correios, o mesmo CEP aparece como a rua José Lopes, que é a rua principal aqui do bairro”, conta Thamires, mostrando os dados que estão cadastrados na Enel, a empresa de energia elétrica que atende a cidade de São Paulo.
Pelo site dos Correios, o número informado por Thamires aparece como sendo o dessa rua vizinha. No Google Maps, a mesma pesquisa mostra apenas o nome “Vila Anastácio” e um ponto no mapa próximo ao fim da Rua José Lopes. Mas a via em que Thamires mora não aparece em nenhuma das pesquisas. “Eu não coloco contas para chegar nesse endereço porque não chega. A gente não compra nada na internet, porque quando a gente coloca o CEP que era pra ser o da minha rua, aparece outra. Só que a gente não mora lá. A única coisa que chega aqui é a conta de luz, porque eles vêm fazer a medição”, explica. Para receber produtos, Thamires precisa se deslocar de ônibus até uma agência dos Correios que fica no bairro da Brasilândia, a 7 km de onde ela vive.
Fazer compras optando por empresas privadas de transporte não é a solução para Thamires. “A gente sempre teve problemas em relação a isso. Então a gente já abriu mão mesmo de tentar utilizar o endereço aqui. Pelo pelo desgaste”, conta. A solução encontrada por ela para amenizar o problema é utilizar o endereço de parentes para garantir que a entrega será feita. “Quando a gente compra qualquer coisa uso o da minha avó que também mora aqui em Taipas. Como é em outro bairro, as entregas funcionam. Então tudo que preciso, peço para chegar na casa dela”.
O problema vivido por ela é o mesmo de outros moradores das periferias, que não recebem encomendas em casa mesmo com o avanço dos comércios digitais. No caso dela, pedir comida por aplicativos ou um carro para se deslocar pela cidade, atividades que já fazem parte do cotidiano de muita gente na cidade, é tarefa quase impossível. Se quiser pedir comida por delivery, Thamires só pode contar com estabelecimentos próximos a sua residência. “Aqui tem pizzarias do morro mesmo. Então, os motoboys chegam no endereço, mas se você pedir de algum lugar de fora daqui as pessoas não acham, tem dificuldade”, conta. “Pra você pegar o Uber você tem que sair aqui do morro, mas se você tiver em algum lugar e quiser voltar, também não consegue. A gente tem essa dificuldade.”
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