Publicado às 10h15
Agência do Estado
Entre prédios e asfalto, são raros os espaços em que o verde sobressai na paisagem paulistana. Mais do que o aspecto estético, contudo, os benefícios ambientais de uma maior cobertura vegetal levaram a Prefeitura de São Paulo a incluir o tema entre os 53 itens do Plano de Metas da gestão 2017-2020.
A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente afirma que a redução se deve à suspensão do serviço, cujo contrato foi rescindido pela Prefeitura em julho de 2017. Após pregão, uma nova empresa assumiu o trabalho só em junho deste ano. A validade do atual contrato é de 12 meses e tem custo de R$ 7,4 milhões.
Segundo a secretaria, de julho a outubro foram plantadas 8.062 mudas. Devem ser 17.462 até o fim do semestre, isto é, volume ainda inferior ao do mesmo período do ano passado (de 18.934). “A meta estabelecida para 2020 permanece em curso”, garantiu, em nota. O número também está abaixo da meta acumulada para o segundo semestre deste ano, que é de 80 mil mudas. E não inclui plantio de árvores procedentes de compensação ambiental.
O objetivo é reduzir as ilhas de calor, melhorar a qualidade do ar, aumentar a permeabilidade do solo e proteger a biodiversidade. A Prefeitura destaca que o novo contrato prevê metas de plantios em áreas pavimentadas (calçadas), ausentes no acerto anterior. Ao todo, segundo a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, apenas 44% do território da cidade tem cobertura vegetal. A distribuição é, entretanto, heterogênea, de modo que o índice fica em 86,5% em Parelheiros, no extremo sul, e em 6,45% no Itaim Paulista, no extremo leste. A meta de plantio inclui todas as regiões, mas é focada especialmente na área das dez subprefeituras com menor cobertura vegetal, o que inclui a Mooca (237 plantios em um ano) e a Vila Prudente (11), na zona leste, a Vila Mariana (774), na zona sul, e a Sé (483), na área central.
As subprefeituras de Jaçanã-Tremembé e Parelheiros não plantaram nenhuma muda no período. O recorde é da Subprefeitura de São Miguel Paulista (4.580), na zona leste, seguida do Butantã (2.295), na zona oeste.
O Plano de Metas inclui, ainda, uma “linha de ação” que prevê o plantio de 175 mil árvores de pequeno porte nos terrenos de linhas de alta tensão, cujo resultado ainda não foi divulgado. Além disso, objetiva o recebimento de 50 mil mudas mediantes doação ou parceria, o que ocorreu apenas no segundo semestre de 2017, com 8.128 árvores. Segundo a Prefeitura, foi assinado um termo de cooperação com a Coca-Cola para plantar 100 mil árvores. “A previsão é que a meta seja alcançada e superada”, ressaltou em nota.
Arborização interfere na qualidade de vida
No primeiro semestre de 2018, a Subprefeitura da Vila Mariana é a que mais plantou – 725 mudas, ante 49 no período anterior. Para atingir a meta 2017-2018, proporcionalmente, deveria ter plantado mais de 2,5 mil. Parte das ações de plantio ocorre com apoio de associações de bairro, como a Horta Comunitária da Saúde e a Muda Vila Leopoldina, nas Ruas Mauros e Uvaias, na Saúde.
“Está muito bom de passear”, diz a dona de casa Maria Fernanda Carvalho, de 58 anos. “Muda a qualidade de vida, tem sombra”, ressalta a aposentada Leonice Tassinari, de 66 anos. Já a auxiliar contábil Eliana Cordeiro, de 36 anos, diz perceber mudança até na qualidade do ar quando sai de casa, na zona leste, para a região central. “Não gosto muito de vir para o centro, prefiro árvores a pessoas. Faz diferença na respiração.”
Professor do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Mackenzie, Magno Botelho diz que regiões arborizadas têm microclima “mais agradável” e menor temperatura. As árvores dificultam a incidência de raios solares no asfalto, por exemplo, além de aumentar a permeabilidade, o que diminui o risco de enchentes. “Elas transpiram muita água, tiram do subsolo e jogam na atmosfera pelas folhas. Em período de umidade baixa, o conforto é bem maior”, comenta. “Dependendo da densidade de árvores, também servem para amenizar a poluição sonora.”
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