Publicado às 12h
Folha de SP
O viaduto na marginal Pinheiros reaberto pela Prefeitura de São Paulo no último sábado (16) tem uma série de falhas na estrutura causadas pelo mau estado de conservação.
A obra emergencial contratada pela gestão do prefeito Bruno Covas(PSDB) ao custo de R$ 26,5 milhões, incluindo a licitação em aberto, recuperou a parte que cedeu em novembro do ano passado, quando surgiu um degrau de cerca de dois metros que inviabilizou o tráfego de veículos. Outros trechos, porém, continuam a demandar obras de recuperação.
No sábado, os carros que transportavam o prefeito e sua comitiva foram os primeiros a cruzar o viaduto após a liberação. “Para mostrar a todos que é seguro, vou estar aqui no primeiro carro que vai passar pelo viaduto recuperado”, disse Covas em vídeo publicado em sua página em uma rede social.
De acordo com vistoria realizada em dezembro do ano passado, o viaduto localizado em frente ao parque Villa-Lobos apresenta pontos de infiltração de água, presença de vegetação nas intersecções de concreto, e esgarçamento das juntas de dilatação, intervalos necessárias para acomodar movimentações previstas da estrutura. Com a falta de manutenção, essas juntas se tonaram maiores do que o recomendado formando vãos entre as placas de asfalto que formam o viaduto. A inspeção detectou também fissuras no concreto e corrosão das estruturas de ferro, o que compromete a estabilidade do viaduto.
A análise detalhada do viaduto foi feita um mês depois do acidente, em novembro do ano passado. Até então, a estrutura que nem tinha um nome oficial nunca havia passado por uma análise mais detalhada de sua estrutura.
A pasta afirmou em nota que a inspeção feita no ano passado não apontou problemas estruturais, e que foi aberta licitação no mês passado para contratar a empresa responsável pelas obras complementares.
Entre as intervenções previstas, de acordo com a secretaria, estão as trocas de duas juntas de dilatação e das grades de proteção nas extremidades.
De acordo com dados da secretaria de Obras, nos últimos dez anos, 169 pontes e viadutos de São Paulo ficaram sem reparos. De todas as 185 estruturas viárias, 16 receberam reparos; quatro obras foram após acidentes.
O colapso de parte deste viaduto fez com que a gestão Covas encomendasse inspeções detalhadas de 33 pontes e viadutos na cidade. Vistoria preliminar dos engenheiros da prefeitura apontou que ao menos oito estruturas apresentam “risco iminente de colapso“, devido ao mau estado de conservação que compromete a estabilidade.
O nível do risco foi registrado em documentos oficiais reproduzidos pela reportagem. A gestão do prefeito Bruno Covas (PSDB), porém, negou que a situação fosse preocupante.
Na semana passada, a Promotoria de Habitação de Urbanismo entrou na Justiça contra a Prefeitura de São Paulo para restringir e até mesmo impedir o trânsito de veículos sobre 14 pontes e viadutos que apresentam “graves riscos”. Na lista da Promotoria, estão incluídas as oito pontes e viadutos registrados em documentos oficiais.
Para o promotor de Patrimônio Público Marcelo Milani, é falso o caráter emergencial do contrato firmado entre a gestão do prefeito Bruno Covas (PSDB) e a empresa JZ Engenharia, responsável pelas obras de recuperação do viaduto. O promotor teve o pedido deparalisação das obras negado pela Justiça.
“Foi uma emergência fabricada. Problemas de estrutura no viaduto são conhecidos pela prefeitura ao menos desde 2012”, disse o promotor. “Essa administração foi advertida diversas vezes pelo DER sobre risco estrutural”, continuou o promotor ao citar o Departamento de Estradas e Rodagem, órgão estadual que construiu o viaduto na década de 1970.
Há mais de dez anos, o Ministério Público cobra da prefeitura maior rigor na manutenção dessas construções. Um TAC firmado em 2007, na gestão Gilberto Kassab (PSD), obrigou o município a criar um programa de manutenção para pontes, viadutos, galerias e túneis. Como o TAC não foi cumprido, a prefeitura tenta, agora, reverter na Justiça a aplicação de multa de R$ 34 milhões
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